Fenômeno silencioso afeta profissionais no mercado de trabalho
O mercado de trabalho tem se deparado com um fenômeno chamado Quiet Cracking, que se caracteriza pela exclusão gradual e silenciosa de profissionais dentro das empresas. Diferente do Quiet Quitting, em que o funcionário se afasta de forma consciente, no Quiet Cracking o trabalhador permanece fisicamente presente, porém perde reconhecimento, voz e senso de pertencimento. Especialistas apontam que essa situação impacta a carreira, o engajamento e a saúde mental, tornando-se um desafio crescente em diversos níveis hierárquicos.
Segundo Joaquim Santini, especialista em cultura organizacional, no Quiet Cracking não é o funcionário que abandona o trabalho, mas sim o trabalho que abandona silenciosamente o colaborador. Nesse sentido, o desgaste é gradual e invisível, levando o profissional a se distanciar emocional e simbolicamente da empresa.
Impactos do Quiet Cracking e como ele afeta os profissionais
O Quiet Cracking atinge o profissional através do rompimento de três pactos fundamentais entre empresa e colaborador: reconhecimento, confiança e investimento afetivo. Quando esses pactos são desrespeitados, o profissional se vê em um “não-lugar”, perdendo protagonismo, engajamento e sentimento de pertencimento. Isso pode ocorrer em qualquer nível hierárquico e é resultado de lideranças frágeis, cultura permissiva e dificuldades em resolver conflitos, de acordo com Adriano Lima, especialista em cultura corporativa.
Além dos impactos emocionais, o Quiet Cracking também afeta a saúde mental e o desempenho dos profissionais. A exclusão social provocada por esse fenômeno ativa regiões cerebrais associadas à dor física, podendo gerar consequências como baixa autoestima, perda de confiança e risco de burnout.
Estudo aponta prevalência do fenômeno nos Estados Unidos
Pesquisa realizada nos Estados Unidos pela TalentLMS com 1.000 profissionais em março de 2025 apontou que 54% já vivenciaram exclusão silenciosa no ambiente de trabalho, sendo que 20% relatam ocorrências frequentes. Além disso, os profissionais afetados têm 29% menos acesso a treinamentos, 47% não se sentem ouvidos por seus gestores e 68% afirmam se sentir menos valorizados.
Os sinais de alerta do Quiet Cracking incluem redução da proatividade, isolamento progressivo, perda de criatividade, motivação, procrastinação e apatia emocional. Esses sinais costumam surgir em ambientes com lideranças frágeis, falta de transparência e práticas tóxicas, como o assédio moral.
Consequências para a carreira e estratégias para prevenção
O Quiet Cracking é considerado uma forma de pré-turnover, em que o vínculo do funcionário com a empresa está comprometido, mesmo que ele permaneça fisicamente no cargo. Isso gera desengajamento coletivo, prejudica a colaboração, reduz a inovação e impacta o clima organizacional, conforme alerta Joaquim Santini.
Para prevenir o Quiet Cracking, é essencial investir na formação de líderes humanos, restaurar pactos emocionais, garantir sistemas de reconhecimento justos e disponibilizar canais de denúncia eficazes. Ações como cultivar transparência, promover a escuta genuína e resolver conflitos de forma direta são medidas importantes para evitar a exclusão silenciosa no ambiente de trabalho.
Como lidar com o Quiet Cracking e sua importância no ambiente corporativo
Para profissionais afetados, é recomendado observar e documentar episódios de exclusão, comunicar-se de forma clara com colegas e liderança, acionar o RH ou liderança em busca de soluções e reavaliar a permanência na empresa caso a situação não melhore.
O Quiet Cracking evidencia a importância da conscientização, prevenção e intervenção por parte das empresas e lideranças para garantir ambientes de trabalho saudáveis, inclusivos e produtivos. A valorização do reconhecimento, comunicação transparente e desenvolvimento de líderes capazes de criar vínculos sólidos com suas equipes são aspectos essenciais para combater esse fenômeno e promover um ambiente de trabalho mais saudável e acolhedor.
Fonte original: Receita Federal
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
