Canadá aprova lei para empresas informarem resultado de entrevistas de emprego
Empresas com 25 ou mais funcionários em Ontário, no Canadá, serão obrigadas a informar o resultado das entrevistas de emprego aos candidatos a partir de 1º de janeiro de 2026. A medida tem como objetivo aumentar a transparência no processo seletivo e combater o chamado “ghosting corporativo”, prática em que os candidatos não recebem retorno após as entrevistas.
De acordo com a legislação, as empresas terão até 45 dias após a entrevista para comunicar aos candidatos o status da candidatura. Além disso, será obrigatório informar se a vaga está sendo preenchida e se houve uso de inteligência artificial (IA) no processo de triagem.
Transparência e cortesia com os candidatos
A iniciativa, anunciada pelo Ministro do Trabalho de Ontário, David Piccini, visa oferecer uma “cortesia comum” aos candidatos durante os processos seletivos. A falta de comunicação nesses processos tem sido motivo de descontentamento por parte dos profissionais, com quase dois terços dos candidatos nos Estados Unidos relatando não receberem resposta após entrevistas.
Possíveis multas para empresas descumpridoras
Empresas que não cumprirem a nova norma poderão ser multadas em até 100 mil dólares canadenses, equivalente a cerca de R$ 400 mil. Porém, especialistas apontam que as primeiras infrações podem resultar em advertências ou penalidades mais brandas, visando encontrar um equilíbrio entre responsabilização das empresas e viabilidade da aplicação da norma.
Regulamentação de vagas fantasmas e uso de IA
Além da transparência nos processos seletivos, a legislação também prevê que as empresas retirem os anúncios de vagas em até duas semanas após o preenchimento das posições. Também será necessário declarar quando o processo seletivo envolve vagas que ainda não estão abertas ou que foram divulgadas apenas para composição de um banco de talentos. O uso de inteligência artificial nos processos de triagem também precisará ser claramente informado aos candidatos.
Impactos no mercado de trabalho
Enquanto a nova legislação foi bem recebida por parte da população, alguns representantes empresariais demonstraram preocupação com o aumento de custos regulatórios. A obrigação de responder a todos os candidatos e manter atualizado o status das vagas pode elevar os recursos destinados ao recrutamento, principalmente em setores com alta rotatividade.
Propostas semelhantes em outros estados e países
Propostas similares foram apresentadas em estados como Kentucky e Califórnia nos Estados Unidos, com o objetivo de combater as “vagas fantasmas” e tornar o processo seletivo mais transparente. No entanto, há resistência por parte de algumas associações empresariais, que alegam dificuldades de previsão fixa no ciclo de contratação conforme a função.
A consultora de recursos humanos Anessa Fike ressalta que o ghosting muitas vezes está associado às equipes de recrutamento sobrecarregadas, o que compromete a comunicação e transparência nos processos seletivos.
Expectativas para aplicação da lei e debate no Brasil
Com a implementação da nova legislação em Ontário, espera-se que as empresas adotem rotinas mais claras e eficazes de comunicação em entrevistas de emprego. No Brasil, ainda não há exigência legal nesse sentido, mas a pressão por práticas mais transparentes e humanizadas tem crescido. A falta de retorno aos candidatos prejudica a experiência e a imagem das empresas, impactando o mercado de trabalho como um todo.
Fonte: Jornal Contábil
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
