A imposição de uma nova tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a partir de 1º de agosto, está causando preocupação no cinturão citrícola do Brasil. Com a redução dos trabalhos nas fábricas e uma queda acentuada nos preços, os produtores de laranja já consideram deixar as frutas apodrecerem devido à incerteza do mercado.
As novas tarifas podem impactar diretamente as exportações de suco de laranja do Brasil para os EUA, que representam 42% de todo o comércio desse produto, avaliado em cerca de US$1,31 bilhão na última safra. Em julho, os preços da caixa de laranjas no Brasil caíram para 44 reais, quase a metade do valor em relação ao ano anterior, evidenciando os efeitos das políticas comerciais de Trump antes mesmo de serem implementadas.
A produção de suco de laranja nos Estados Unidos atingiu o menor nível em 50 anos na safra 2024/25, com importações representando 90% do abastecimento até setembro. Com metade do suco consumido nos EUA vindo do Brasil, marcas como Tropicana e Minute Maid podem sofrer consequências com as novas tarifas.
A tarifa de 533% sobre as importações brasileiras de suco de laranja pode representar desafios não apenas para os produtores brasileiros, mas também para empresas como Coca-Cola e Pepsi, que são responsáveis por 60% das vendas de suco de laranja nos EUA. A Johanna Foods, produtora e distribuidora de sucos de frutas de Nova Jersey, já contestou judicialmente as tarifas propostas, alegando danos financeiros significativos.
Substituir os consumidores norte-americanos, que são grandes consumidores de suco de laranja, não será tarefa fácil para o Brasil. Com o mercado limitado a cerca de 40 países, o país enfrenta dificuldades para expandir suas exportações, especialmente diante de tarifas já altas em mercados como Índia e Coreia do Sul.
A União Europeia, que já compra mais da metade das exportações brasileiras de suco de laranja, pode não ser capaz de compensar as perdas geradas pelas tarifas americanas. Diante desse cenário, exportar por MEIo de países terceiros, como a Costa Rica, pode ser uma alternativa, porém, a viabilidade dessa estratégia ainda é incerta.
Enquanto as empresas buscam novos mercados, os agricultores brasileiros de laranja, como os de Formoso, enfrentam desafios ainda maiores. Com preços de venda reduzidos em um terço em relação ao ano passado, muitos produtores estão vendo seus custos de produção ultrapassarem os lucros, o que gera preocupações sobre o futuro do setor citrícola no país.
Fonte: Estadão
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
