Especialistas analisam impacto das tarifas e sanções americanas
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 50% em produtos brasileiros, com exceções, e a aplicação da Lei Magnitisky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em um movimento que gerou controvérsia. Para Solano de Camargo, professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP, as medidas representam um cenário de “bullying” no âmbito do direito internacional público e podem trazer grandes desafios para setores importantes da economia brasileira, principalmente o agronegócio.
Camargo ressaltou a falta de um esforço mais coordenado da diplomacia brasileira para evitar as sanções e tarifas, destacando que a ameaças de Trump deveriam ter sido tratadas com mais atenção. Além disso, ele apontou que o pedido de encerramento imediato dos processos contra o ex-presidente Bolsonaro carece de respaldo jurídico, uma vez que no Brasil os poderes são separados e o Presidente não tem jurisdição sobre o Judiciário.
De acordo com a análise de Camargo, as tentativas de negociação foram rejeitadas pelo governo americano, evidenciando um distanciamento que dificultou a possibilidade de acordos para evitar tarifas mais altas. O cientista político e professor do Insper, Leandro Consentino, destacou que, embora o bolsonarismo possa sofrer impacto inicial na popularidade, as tarifas podem ter efeitos negativos mais expressivos na economia e no governo federal a longo prazo.
Impactos das sanções a Alexandre de Moraes
Antes do anúncio das tarifas, o governo Trump aplicou a Lei Magnitsky contra o Ministro Alexandre de Moraes, do STF, em um movimento politicamente carregado. Segundo Camargo, a pressão política exercida por figuras como Eduardo Bolsonaro tornou a questão mais política do que econômica, levando às sanções contra o ministro. Para o diretor de pesquisa do Ipespe, Antônio Lavareda, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro representa um obstáculo político para possíveis negociações, uma vez que as tarifas aplicadas ao Brasil possuem um viés mais sancionatório do que meramente comercial, o que dificulta a abertura de canais de diálogo com os EUA.
Fonte: Valor Econômico
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
