Tendências no Universo dos Family Offices no Brasil
Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado uma evolução significativa no segmento dos Family Offices. Famílias de alto patrimônio estão percebendo a importância de uma gestão integral, que vai além da preservação do capital, abrangendo aspectos financeiros, sucessórios, jurídicos, tributários, tecnológicos e éticos.
De acordo com dados da Forbes Brasil do primeiro trimestre de 2025, há aproximadamente 546 empresas atuando no setor de wealth management no país, sendo 44% identificadas como multi-family offices, 29% como single-family offices e o restante composto por wealth managers e estruturas híbridas. O Family Office Report 2023 destaca que as 38 famílias participantes somam um patrimônio declarado de R$ 26 bilhões.
A profissionalização e a governança interna mais robusta são algumas das tendências para os Family Offices no Brasil. Isso inclui a formação de estruturas formais, definição de hierarquia, papéis documentados, processos de compliance, controles internos e políticas de sucessão.
Além disso, a diversificação de ativos e internacionalização dos investimentos também se destacam como tendências. Os Family Offices estão direcionando seus investimentos para renda fixa, variável, ativos privados, participações privadas (private equity), mercados externos, imóveis no exterior, entre outros, como forma de diluir os riscos associados à economia brasileira.
A utilização de tecnologia e automação, como a Inteligência Artificial, está cada vez mais presente nos Family Offices no Brasil. Ela auxilia na automação de processos internos, melhoria de relatórios gerenciais, análise de dados, due diligence, entre outros, proporcionando maior eficiência e segurança nas operações.
Outra tendência importante é a atenção aos riscos, sejam eles geopolíticos, regulatórios, cibersegurança ou relacionados a ESG (Environmental, Social and Governance). Os Family Offices têm reforçado reservas de liquidez, diversificado jurisdições, reduzido exposição a ativos ilíquidos e buscado alinhar seus investimentos com valores sustentáveis.
A nível global, observa-se um aumento nos investimentos em empresas privadas e empreendimentos imobiliários, movimento que já é visível nas negociações com incorporadoras e no setor de construção no Brasil. O planejamento sucessório, tributário e a estrutura societária também tendem a se tornar cada vez mais sofisticados.
Diante desse cenário, é recomendado que as famílias estruturem juridicamente seus Family Offices, estabeleçam governança familiar, planos de sucessão, diversifiquem seus investimentos, realizem due diligence rigorosa, alinhem-se com valores sustentáveis e adotem estratégias tributárias bem definidas.
Os Family Offices no Brasil não são mais exclusividade de quem possui alto patrimônio, mas sim de famílias dispostas a profissionalizar e gerir seu patrimônio com visão de longo prazo, responsabilidade e estratégia. Essa abordagem torna-se imperativa para preservar legados e explorar oportunidades em um mundo cada vez mais complexo e volátil.
Fonte: Jornal Contábil
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
