Recomeço após os 40: mulheres repensam carreira e propósito
O mercado de trabalho impôs às mulheres a pressão de conciliar diversas responsabilidades, resultando em altos níveis de estresse e burnout ao atingirem os 40 anos. De acordo com a Deloitte, mais da metade das mulheres relatam aumento do estresse, e o burnout é o principal motivo para buscarem novas oportunidades profissionais. A insatisfação com a carreira leva muitas delas a planejarem deixar seus empregos nos próximos dois anos.
A psicanalista Ana Tomazelli destaca que esse período de recomeço marca uma ruptura na vida das mulheres, permitindo-lhes seguir seus próprios desejos e expectativas. Aos 40 anos, muitas mulheres sentem a necessidade de redesenhar suas trajetórias, seja empreendendo, se reinserindo no mercado educacional ou buscando novos desafios profissionais alinhados com seus anseios pessoais.
O peso do burnout e a busca por mudanças
Estudos apontam que mais de 60% das mulheres brasileiras entre 40 e 55 anos apresentam sintomas de burnout, como esgotamento extremo e distúrbios do sono. Além disso, dados do IBGE mostram que cerca de um terço das mulheres nessa faixa etária considera mudar de carreira em busca de mais autonomia e qualidade de vida.
A evolução do cenário profissional feminino reflete uma valorização crescente da autonomia, bem-estar e alinhamento entre carreira e propósito. A decisão de mudar de área não é mais vista como um fracasso, mas como uma demonstração de coragem e autoconhecimento, permitindo que as mulheres escapem de estruturas que não atendem mais às suas necessidades.
Recomeçar sem culpa: desafios e superações
Apesar da coragem de recomeçar, as mulheres acima dos 40 anos enfrentam obstáculos como o preconceito etário, a pressão financeira e os desafios emocionais. O preconceito no ambiente de trabalho é notável, sendo 47% das profissionais acima de 40 anos já relataram terem sentido discriminação em processos seletivos ou promoções.
A ainda presente pressão financeira, em que muitas mulheres são chefes de família ou contribuem significativamente para o sustento do lar, dificulta a tomada de riscos nas decisões profissionais. No entanto, a psicóloga Ana ressalta que os apoios psicológico e financeiro são essenciais para quebrar essas barreiras e impulsionar a presença das mulheres 40+ em posições estratégicas no mercado.
Empreendedorismo como rota de reinvenção
Cada vez mais, o empreendedorismo tem se destacado como uma alternativa para mulheres maduras que buscam autonomia e propósito profissional. No Brasil, o número de mulheres empreendedoras atingiu um recorde no último trimestre de 2024, registrando 10,35 milhões de donas de negócio, de acordo com o Sebrae.
Mulheres empreendedoras mais velhas têm demonstrado mais sucesso na manutenção de negócios sustentáveis, com uma taxa 35% maior em comparação com as mais jovens. Além disso, a maturidade dessas empreendedoras agrega valor ao mercado, sendo visto como um diferencial competitivo no empreendedorismo.
O protagonismo das mulheres maduras
A reinvenção das carreiras femininas acima dos 40 anos representa um movimento de transformação não apenas individual, mas social. O rompimento com a ideia de que “é tarde demais para recomeçar” abre caminho para uma sociedade mais inclusiva e justa, valorizando a experiência, a maturidade e o direito à felicidade profissional em todas as fases da vida. A coragem de buscar uma carreira que faça sentido, mesmo após os 40 anos, é não apenas legítima, mas inspiradora e necessária.
Fonte: Portal Contábeis
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
