Inflação sob controle: IPCA tranquilo acalma temores de alta nos núcleos

IPCA mostra aceleração pontual em setembro

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 0,48% em setembro, impulsionada pelo fim do bônus de Itaipu, pressão da bandeira tarifária vermelha e reajustes em diversas capitais. A energia elétrica foi um dos principais fatores, impactando o item Habitação com uma alta de 2,97%. No entanto, economistas acreditam que o índice está convergindo para a meta e tende a desacelerar no próximo mês.

Para Norberto Alves, gestor de renda fixa da Reach Capital, o IPCA traz informações qualitativas sobre a queda da pressão inflacionária, especialmente nos núcleos. Esse dado acalma preocupações com uma aceleração maior. Já o economista Leonardo Costa, do ASA, avalia o resultado como “inegavelmente benigno”.

A alta acumulada no ano é de 5,17%, acima dos 5,13% de agosto, superando o teto da meta de inflação, que é de 4,5%. A XP acredita que, apesar da surpresa com a desaceleração, a inflação de serviços ainda tem limitações para chegar à meta, devido ao mercado de trabalho aquecido e a expectativa de aceleração nos componentes cíclicos do PIB.

Núcleos e desaceleração

Especialistas destacam a comportamento dos núcleos de inflação, apontando que estão bem-comportados e contribuindo para uma visão de que as pressões atuais são temporárias. A expectativa é de uma desaceleração já em outubro, com a redução da bandeira tarifária de energia e a estabilização dos preços administrados. Isso sugere uma perda gradual no fôlego da inflação subjacente.

A Armor Capital observou uma desaceleração expressiva na categoria de serviços subjacentes, além de uma média dos núcleos que também surpreendeu para baixo. Esses resultados indicam uma possível revisão baixista para a inflação no final do ano. O cenário levou a revisões nas projeções de inflação para 2025 e 2026 por parte de diferentes economistas e instituições.

Projeções e política monetária

Apesar da perspectiva mais benigna, a XP ainda enxerga a inflação como elevada e desafiadora, o que deve manter os juros altos por um período prolongado. A projeção é que o corte da Selic aconteça em março, encerrando o ano em 12%. Para o conselheiro da Ancord, Pablo Spyer, o Banco Central deve manter a cautela e observar o comportamento dos preços de serviços e bens industriais antes de tomar novas decisões sobre a taxa de juros.

Análises apontam que embora o resultado do IPCA de setembro seja positivo, não deve impactar a condução da política monetária a curto prazo. O Copom provavelmente adotará uma abordagem restritiva por mais tempo, até ganhar mais confiança de que o aperto monetário está sendo transmitido para a economia. Portanto, a expectativa é de cortes da Selic a partir de janeiro, com um possível encerramento do ano de 2026 em 12%.

Detalhamento dos números

A análise macro da XP revela detalhes importantes, como a desaceleração nos preços de alimentos, os avanços em serviços intensivos em mão de obra e os impactos nos preços de bens industriais. Destaca-se a surpresa nos preços de “alimentação fora do domicílio” e no setor de cinema. Além disso, a inflação de vestuário também apresentou desaceleração em relação à projeção.

Os preços dos alimentos registraram uma queda, puxados principalmente por cereais, alimentos in natura e proteínas. Já os preços monitorados tiveram aumento significativo, refletindo o efeito do fim do bônus de Itaipu nas tarifas de energia e a alta da gasolina. As projeções indicam a manutenção da bandeira vermelha 1 em novembro e amarela em dezembro, sem previsão de redução nos preços da gasolina pela Petrobras.

Conclusão

O IPCA de setembro mostrou uma aceleração pontual, impulsionada por fatores como o fim do bônus de Itaipu e a pressão da bandeira tarifária vermelha. Apesar disso, a inflação segue convergindo para a meta, com expectativa de desaceleração nos próximos meses. Os núcleos de inflação se mostraram bem-comportados, o que reforça a ideia de pressões temporárias. Ainda assim, a XP alerta para a necessidade de manter os juros altos diante de uma inflação ainda elevada e desafiadora.

Fonte: Valor Econômico

Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.

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