Impacto do regime contábil na rentabilidade dos Fundos de Investimento Imobiliário: escolha entre Caixa e Competência

Regimes Contábeis dos FIIs: Caixa x Competência

A contabilidade dos Fundos Imobiliários (FIIs) pode adotar dois regimes distintos para o reconhecimento de receitas e despesas: o de caixa e o de competência. Essa escolha influencia diretamente a forma como os resultados são apresentados e os rendimentos são distribuídos aos cotistas.

Segundo analistas do Itaú BBA, no regime de competência, as receitas e despesas são reconhecidas no momento em que ocorre o fato gerador, sem depender da movimentação financeira. Já no regime de caixa, o reconhecimento acontece apenas quando há entrada ou saída efetiva de recursos.

O professor de Finanças Cristiano Corrêa destaca que no regime de caixa, são consideradas as entradas e saídas reais de recursos, enquanto no de competência, inclui-se o que ainda não transitou pelo caixa, como contas a receber.

Impacto nos Rendimentos e Distribuição de Lucros

A diferença entre os regimes não se restringe ao conceitual, refletindo também na prática. No regime de competência, um aluguel a receber pode ser registrado como receita do mês, mesmo que o pagamento ainda não ocorreu, ao passo que no regime de caixa, o registro ocorre apenas quando o dinheiro entra efetivamente.

Isso pode influenciar tanto a percepção dos investidores quanto a previsibilidade dos rendimentos. No regime de competência, pode haver distribuição de lucros ainda não realizados, o que demanda ajustes futuros em caso de inadimplência. Já no regime de caixa, os resultados tendem a ser mais estáveis, variando conforme o fluxo de amortizações.

Regras para Distribuição de Dividendos

Em novembro de 2024, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) reforçou que a distribuição dos FIIs deve ser baseada em 95% no resultado do lucro caixa, de acordo com um ofício circular. Isso significa que os fundos precisam distribuir, no mínimo, 95% do lucro caixa apurado semestralmente, refletindo entradas e saídas reais de recursos.

Além disso, os gestores devem definir de forma consistente se o fundo seguirá o regime de caixa ou competência, sem alternâncias. Essa medida busca reduzir as distribuições artificiais e aumentar a previsibilidade para os investidores.

Riscos para os Investidores e Necessidade de Compreensão

Para os investidores, é essencial compreender o regime contábil adotado pelo fundo para evitar interpretações equivocadas dos resultados. Um recebimento pontual elevado, por exemplo, não garante que o rendimento será recorrente.

Segundo os analistas do Itaú BBA, entender se o lucro apresentado é contábil ou de caixa é fundamental. Corrêa reforça a importância de avaliar os fundamentos do fundo, como a qualidade dos imóveis e a carteira de recebíveis.

Em resumo, a escolha do regime contábil dos FIIs impacta diretamente na percepção dos investidores e na distribuição de lucros, exigindo transparência e eficiência na gestão do fluxo de caixa. A definição do regime, seja de caixa ou competência, precisa ser mantida de forma consistente para garantir a previsibilidade dos rendimentos e evitar interpretações equivocadas.

Fonte: Portal Contábeis

Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.

AmdJus - Portal de contabilidade online
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.