EUA sofrem perdas bilionárias em exportações de soja para a China
A temporada de comercialização de soja dos EUA está enfrentando desafios significativos, com a China não reservando nenhuma carga americana para o novo ano-safra. A paralisação nas negociações comerciais tem levado os compradores chineses a buscar fornecedores da América do Sul, o que tem impactado diretamente nas vendas dos agricultores americanos.
Segundo informações de traders e analistas, os importadores chineses já reservaram cerca de 7,4 milhões de toneladas de soja da América do Sul para outubro, representando 95% da demanda do país para este mês. Além disso, 1 milhão de toneladas foram reservadas para novembro, o equivalente a aproximadamente 15% das importações esperadas.
No mesmo período do ano anterior, a China já havia reservado entre 12 milhões e 13 milhões de toneladas de soja dos EUA para embarque entre setembro e novembro. A ausência de reservas de cargas americanas para o novo ano-safra coloca em xeque a participação dos EUA no mercado chinês de soja.
Impacto da ausência chinesa nas exportações americanas
A China, que historicamente representa uma parte significativa do mercado para a soja dos EUA, reduziu suas compras do país nos últimos anos. Em 2024, a China comprou apenas 20% de sua soja dos EUA, em comparação com 41% em 2016. Enquanto isso, as importações de soja do Brasil continuaram em alta, atingindo 42,26 milhões de toneladas no período de janeiro a julho de 2025.
Com a China optando por não reservar cargas de soja dos EUA para o novo ano-safra, os futuros da soja em Chicago podem ser ainda mais impactados. A tarifa de 23% imposta pela China sobre as exportações de soja dos EUA eleva o custo para os importadores, tornando a soja americana menos competitiva no mercado chinês.
Perspectivas para as exportações de soja
Apesar da situação desafiadora, há expectativas de que novas compras de soja dos EUA pela China possam ocorrer para entregas entre novembro e janeiro. O cenário de preços atrativos da soja americana para compradores não chineses representa uma oportunidade durante a temporada de pico de vendas, especialmente com a concorrência limitada.
Entretanto, os processadores chineses de sementes oleaginosas estão enfrentando margens de esmagamento negativas devido aos altos preços da soja brasileira. A incerteza em relação a um possível acordo comercial entre China e EUA também influencia as perspectivas das exportações de soja americana.
Consequências econômicas e projeções futuras
A falta de reservas de cargas de soja dos EUA pela China está gerando preocupações sobre o impacto econômico para os agricultores americanos. Se a China continuar fora do mercado norte-americano até meados de novembro, as vendas perdidas para o país podem chegar a 14 milhões a 16 milhões de toneladas, de acordo com estimativas.
O Departamento de Agricultura dos EUA está preparado para reduzir sua previsão de exportação de soja dos EUA para 2025/26, caso a guerra comercial não seja resolvida. As exportações de soja dos EUA já foram ajustadas de 51,02 milhões de toneladas para 46,4 milhões de toneladas, refletindo a redução da demanda chinesa.
Em um cenário otimista, um possível acordo comercial entre a China e os EUA poderia melhorar significativamente as perspectivas para a soja americana. Enquanto isso, as importações recordes de soja pela China nos últimos meses indicam uma estratégia de aumento de estoques para mitigar possíveis interrupções no fornecimento no futuro.
Fonte: Estadão
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
