Exportação de grãos garante US$ 7 bi em apenas 72 horas para a Argentina, mas gera polêmicas

Argentina registra exportação recorde de grãos em 72 horas

Na última semana, a Argentina surpreendeu o mercado ao suspender temporariamente os Impostos de exportação sobre soja, milho, trigo e derivados. A medida foi uma estratégia para captar dólares e fortalecer as reservas do Banco Central, em MEIo à desconfiança do mercado em relação ao governo de Javier Milei.

A isenção de Impostos, válida até atingir US$ 7 bilhões em exportações ou até o final de outubro, foi alcançada em apenas 72 horas. Nesse curto período, a China, que não tem comprado soja dos EUA, adquiriu dezenas de navios com grãos argentinos, segundo a Bloomberg.

Após o alcance do limite estabelecido, os Impostos foram restabelecidos, gerando insatisfação entre os agricultores argentinos. De acordo com a associação Coninagro, a medida favoreceu principalmente as tradings internacionais, deixando os produtores com um “sentimento de amargura”.

Durante as 72 horas de isenção fiscal, os exportadores argentinos venderam mais de 19,5 milhões de toneladas de grãos com o Imposto zerado. Porém, como não possuem toda a mercadoria, terão que comprá-la com o Imposto de volta, o que impacta na valorização do produto.

A corrida das grandes tradings para emitir as Declarações de Vendas ao Exterior (DJVE) durante o período de isenção gerou controvérsias. Sete tradings concentraram 86% das exportações fechadas com Imposto zerado, incluindo Louis Dreyfus, Cargill, Bunge, entre outras.

O presidente argentino, Milei, que prometeu livre comércio durante a campanha, tem enfrentado críticas dos produtores, que pressionam por alívio nos Impostos para aumentar a competitividade das exportações agrícolas do país. A desvalorização dos produtos devido à volta dos Impostos tem desestimulado o aumento da produção no setor.

A medida temporária de isenção de Impostos, que visava fortalecer as reservas do Banco Central, acabou gerando desconforto entre os produtores argentinos. O impacto da corrida pela exportação de grãos em 72 horas revela a complexa relação entre governo, tradings internacionais e agricultores no cenário agrícola argentino.

Fonte original: Valor Econômico