Renda real do trabalho fortalece economia e desafia inflação, apontam especialistas
Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 5,6% no trimestre móvel até julho, mantendo-se em patamares baixos e renovando recordes. Esse cenário favorável se reflete também nos ganhos reais do trabalho, que registraram o décimo aumento consecutivo. Para os analistas, essa tendência ameniza a desaceleração econômica, mas também coloca desafios no controle da inflação, principalmente nos serviços.
Economistas destacam que o rendimento médio habitual teve um acréscimo de 0,2% em julho, chegando a R$ 3.485 ao ser ajustado pela inflação. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o indicador apresentou um avanço de 3,8%, enquanto no período de 12 meses a alta foi de 3,7%. A massa de renda real, que combina ocupação e rendimentos médios, também teve um crescimento significativo, de 6,4% em relação a julho de 2024.
Projeções e análises econômicas
Especialistas como Rodolfo Margato, da XP, preveem que a tendência de aumento na renda real disponível às famílias deve continuar no curto prazo. A XP prevê que a taxa de desemprego encerre o ano em 5,8%, com estimativa de crescimento do PIB de 2,2% em 2025.
Já André Valério, economista sênior do Inter, ressalta que parte dos resultados positivos no mercado de trabalho em julho se deveu a uma redução na taxa de participação e à estabilidade da informalidade. No entanto, ele destaca a retração no setor de varejo como um sinal de menor robustez na geração de empregos, influenciada pela política monetária e prováveis efeitos no crédito ao consumidor.
Impacto nos indicadores econômicos
Igor Cadilhac, economista do PicPay, destaca que o aumento do rendimento médio real habitual impulsionou a massa de rendimento a um novo recorde, atingindo R$ 352,3 bilhões. Esse cenário, aliado à baixa taxa de desemprego, representa um desafio para o controle da inflação, especialmente nos serviços.
Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, a manutenção de salários elevados e a expectativa de uma taxa de desemprego próxima a 5,5% ao final do ano refletem um mercado de trabalho sólido em 2025. No entanto, ela ressalta que o crescimento do nível de ocupação pode estimular a atividade econômica, mas também dificultar o controle da inflação.
Perspectivas e projeções futuras
Economistas e instituições financeiras projetam que o aquecimento do mercado de trabalho deve se manter até o final do terceiro trimestre, quando se espera um processo gradual de desaceleração. O Inter estima uma taxa média de desemprego de 6% para 2025, encerrando o ano em 5,6%.
Apesar desse cenário positivo, especialistas como Alberto Ramos, do Goldman Sachs, apontam que as condições monetárias restritivas e o crescimento moderado ainda não geraram uma inflexão clara no mercado de trabalho. Instituições como o Itaí e Bradesco também destacam o impulso contínuo do mercado de trabalho, com projeções de taxa de desemprego ao final do ano em 6,4% e com um aumento da massa salarial no terceiro trimestre, mantendo o consumo em alta.
Assim, a conjuntura econômica atual no mercado de trabalho brasileiro indica sinais de fortalecimento e estabilidade, com desafios e oportunidades para os próximos meses.
Fonte: CNN Brasil
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