Copom mantém a taxa Selic em 15%, sem espaço para cortes imediatos, dizem economistas
Na decisão anunciada pelo Copom nesta quarta-feira (17), a manutenção da taxa Selic em 15% era amplamente esperada pelo mercado financeiro e confirmada pelos membros do Comitê. Economistas concordam que, apesar dos sinais de desaceleração na inflação de curto prazo, o Copom agiu corretamente ao manter um tom cauteloso e não suavizar seu comunicado sobre a política monetária.
Caio Megale, economista-chefe da XP, destacou que o Copom não apenas manteve a taxa em 15%, mas também sinalizou a manutenção desse patamar por um longo período. A projeção de inflação de 3,4% para o primeiro trimestre de 2027 foi considerada um ponto duro, acima das expectativas do mercado, demonstrando um desafio significativo para a política monetária.
Segundo Megale, a comunicação do Copom reforça a improvabilidade de cortes de juros no curto prazo, indicando possíveis ajustes apenas no primeiro trimestre de 2026. Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, também avaliou a postura do Copom como “hawkish”, reforçando que cortes em 2025 só seriam considerados com uma melhora relevante no cenário econômico.
Para Danilo Passos, economista da WHG, a manutenção da Selic em 15% nas próximas reuniões está alinhada com a expectativa de juros estáveis até o final do ano. Já Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, ressaltou que o mercado de trabalho no Brasil continua resiliente e impacta o aumento da inflação, conforme mencionado pelo BC.
Na visão de Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, a decisão do Copom foi acertada, considerando que a inflação ainda não apresenta uma desinflação estrutural e a persistência de uma inflação de serviços elevada. Simioni alertou que cortes prematuros na taxa Selic poderiam trazer consequências negativas para a economia.
Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1, acredita que a postura “hawkish” do Copom visa potencializar ganhos de credibilidade e contribuir para a redução da desancoragem das expectativas de inflação. Ele projeta uma mudança na comunicação do Copom nos próximos meses, preparando o terreno para um possível ciclo de corte de juros a partir de 2026.
Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, compartilha a perspectiva de um posicionamento “hawkish” do Copom, sem espaço para cortes imediatos na Selic, apesar de melhorias no cenário externo. A projeção é que cortes de juros em 2025 se tornem mais distantes, e para 2026, a expectativa é de um ambiente mais propício para cortes na ordem de 300 bps.
Assim, as análises dos economistas apontam para uma postura firme do Copom em relação à política monetária, indicando precaução e ressaltando a importância de manter a Selic em 15% diante dos desafios econômicos atuais. O cenário de possível flexibilização fica para o horizonte de 2026, com projeções de inflação e atividade econômica influenciando as decisões do Comitê.
Fonte: Estadão
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