Novo modelo de crédito imobiliário com recursos da poupança pode liberar mais de R$ 20 bilhões na economia
O governo anunciará um novo modelo de crédito imobiliário com recursos da poupança, visando uma injeção de pelo menos R$ 20 bilhões na economia. Desenvolvido pelo Banco Central em parceria com os Ministérios das Cidades e da Fazenda, a medida busca modificar a direção dos recursos da poupança para o financiamento habitacional.
A proposta prevê que a cada real de financiamento habitacional concedido, os bancos terão acesso a um volume equivalente de recursos da poupança para uso livre por cinco anos. Após esse período, será necessário conceder novo crédito para manter a permissão de uso livre. A expectativa é que essa alteração incentive a oferta de financiamento com juros mais baixos, uma vez que os ganhos provenientes de operações rentáveis poderão ser usados para reduzir as taxas do crédito imobiliário.
Durante o período de teste, os bancos poderão utilizar 5 pontos percentuais do compulsório na nova sistemática. Isso significa que os bancos que ofertarem crédito imobiliário terão acesso a um montante equivalente de recursos da poupança para uso livre, levando a uma redução no recolhimento compulsório de 20% para 15%. O modelo de testes está previsto até o final de 2026, com a implementação total programada para 2027.
Estima-se que a liberação imediata do compulsório possa injetar pelo menos R$ 20 bilhões na economia, podendo chegar a R$ 37,5 bilhões através do aumento dos recursos disponíveis para a concessão de crédito pelos bancos. Esse valor depende, no entanto, do interesse das instituições financeiras em adotar o novo modelo, sendo que a Caixa Econômica Federal, líder do segmento, deve se beneficiar, uma vez que já utilizou todos os recursos disponíveis em financiamentos para a casa própria.
No entanto, a medida vai de encontro aos esforços do Banco Central para conter a inflação e resfriar a economia, uma vez que a taxa Selic está em 15% ao ano. De acordo com a proposta, 80% do valor liberado deve ser destinado ao Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que financia imóveis de até R$ 1,5 milhão com juros limitados, enquanto o restante poderá ser aplicado no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), sem limitação de taxas.
A previsão é que o teste do novo modelo entre em vigor imediatamente, necessitando apenas da aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e de uma resolução do Banco Central. Com a implementação total do modelo, projeções indicam que os bancos poderiam aumentar sua aplicação no crédito imobiliário de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões em dois anos.
Em suma, a iniciativa visa dinamizar o mercado imobiliário, impulsionar a oferta de financiamentos com juros mais atrativos e estimular o crescimento econômico através da liberação de recursos da poupança para uso livre pelos bancos. A expectativa é que o novo modelo contribua para a ampliação do acesso à moradia e para a movimentação da economia nacional.
Fonte: Estadão
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
