PLOA 2026: Receitas otimistas e gastos subestimados preocupam economistas
O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para 2026 apresentado pelo governo federal continua gerando preocupações entre economistas. Para especialistas, a estimativa de receitas é otimista e os gastos obrigatórios estão subestimados, o que pode causar dificuldades para cumprir o limite de despesas do arcabouço fiscal no próximo ano.
Segundo análise da equipe de Research da XP, há uma expectativa de R$110 bilhões em receitas adicionais, sendo que aproximadamente R$40 bilhões dependem da aprovação do Congresso. Entretanto, os principais gastos obrigatórios parecem estar subestimados, o que pode exigir um bloqueio de despesas em torno de R$20 bilhões em 2026.
A XP projeta que o governo alcance o limite inferior da meta do resultado primário no próximo ano, mas alerta para os desafios em cumprir o limite de despesas estabelecido pelo arcabouço fiscal.
Na questão das receitas, valores elevados foram divulgados relacionados a ganhos de medidas específicas, como a redução de benefícios fiscais, leilões de petróleo e dividendos extraordinários. No entanto, sem a discriminação das receitas, não é possível avaliar se estão superestimadas.
Já em relação às despesas, a análise aponta que os gastos obrigatórios parecem estar subestimados, com destaque para benefícios da seguridade social e BPC/LOAS. A XP estima que as principais despesas estão subestimadas, com despesas com pessoal e folha de pagamento sendo parcialmente compensadas.
A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, concorda com essa visão e destaca que o governo busca mais arrecadação para cobrir o aumento de gastos e fechar o ano com déficit de R$23 bilhões, correspondente a 0,2% do PIB. Ela ressalta a dificuldade do ajuste fiscal, principalmente pelo lado das despesas, apontando a elevação do patamar de gastos no primeiro ano do mandato e o crescimento das despesas obrigatórias como grandes desafios.
No contexto da estimativa de crescimento da receita, que conta com uma premissa otimista de 8,9%, Vitoria destaca que o aumento de Impostos se torna mais desafiador considerando o desgaste político e as medidas anteriormente aprovadas. O crescimento das despesas obrigatórias, puxado pelo aumento real do salário-mínimo, é apontado como o entrave para retornar a um superavit primário que seja capaz de reduzir o custo da dívida e estabilizar a dívida pública.
Fonte original: Valor Econômico
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
