Contador revela atuação em entidades investigadas por fraude no INSS
Durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, o contador Mauro Palombo Concílio confirmou sua prestação de serviços contábeis a quatro associações sob investigação por aplicar descontos irregulares a aposentados e pensionistas. Segundo a comissão, essas entidades teriam movimentado mais de R$ 700 milhões em operações fraudulentas.
Palombo apresentou documentos e recibos fiscais, respondendo aos questionamentos do deputado Alfredo Gaspar, relator da CPMI. A comissão determinou a apreensão de todo o material entregue.
Atuação profissional e conexões com investigados
Residindo nos Estados Unidos desde 2018, Mauro Palombo mantém seis empresas ativas no Brasil, sendo três relacionadas à área contábil. Ele relatou que seu contato inicial com o ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), Felipe Macedo Gomes, ocorreu no final de 2022. A partir desse encontro, passou a prestar serviços a outras associações investigadas, como Amar Brasil, Andap, Aasap e Master Prev.
Os contratos, de acordo com o depoente, foram estabelecidos por indicação de pessoas atualmente sob investigação, como Américo Monte, Anderson Cordeiro e Igor Delecrode. O relator da CPMI enfatizou que essas quatro entidades teriam sido utilizadas para viabilizar o desvio milionário, e apontou Palombo como peça central na conexão entre os envolvidos.
Contabilidade sem acesso a documentos internos
Questionado sobre sua atuação, Palombo declarou que não tinha acesso aos acordos de cooperação técnica (ACTs) das associações, alegando que esses documentos não fazem parte da documentação contábil obrigatória. Ele afirmou que, com base nos extratos e movimentações financeiras que teve acesso, não identificou incompatibilidades ou irregularidades que suscitassem suspeitas.
Segundo o contador, seu escritório contabilizou cerca de R$ 2 milhões no período em questão. Ele salientou que não recebia informações detalhadas sobre os descontos aplicados aos beneficiários do INSS, reforçando que suas atividades se limitavam às demonstrações enviadas pelas entidades.
Criação e encerramento de empresas contábeis
Palombo também informou ter aberto novas empresas por orientação das diretorias das associações, visando oferecer serviços especializados para entidades que trabalham com descontos associativos. Algumas dessas empresas foram encerradas após a Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, por considerar que não fazia mais sentido mantê-las.
Atendimento a familiares e empresas ligadas a investigados
A comissão apontou que Palombo prestava serviços contábeis a pessoas próximas a investigados, incluindo a esposa do ex-procurador Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho e o próprio Virgílio. Ele também atendia o empresário João Carlos Camargo Júnior, conhecido como “alfaiate dos famosos”, apontado como possível operador da lavagem de dinheiro no esquema.
Dinheiro vivo e dúvidas dos parlamentares
Mauro Palombo admitiu guardar valores em espécie em sua residência, porém ressaltou que tudo está declarado à Receita Federal. Ele colocou seu sigilo bancário à disposição da comissão e negou qualquer envolvimento em irregularidades, apesar de parlamentares apontarem “coincidências demais” nas movimentações contábeis das associações, o que reforça para eles a suspeita de lavagem de dinheiro.
CPMI reforça pedido de suspensão de consignados
Ao encerrar os trabalhos, o presidente da CPMI, Carlos Viana, reiterou a solicitação para que o governo suspenda, por 180 dias, os empréstimos consignados vinculados ao INSS, visando proteger os beneficiários afetados pelos golpes. Viana enfatizou a urgência e a necessidade da suspensão, afirmando que o compromisso é com o Brasil.
Fonte: Jornal Contábil
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
