Home Office perde força em 2024, aponta pesquisa do IBGE
Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o trabalho no domicílio, conhecido como home office, registrou queda pelo segundo ano seguido, após atingir o pico durante a pandemia, passando de 8,4% em 2022 para 7,9% em 2024.
Essa redução indica uma reversão parcial do home office, especialmente em ocupações que migraram temporariamente para o modelo remoto durante a pandemia. A tendência agora é de realinhamento do trabalho remoto com a estrutura produtiva tradicional, concentrada em setores de serviços presenciais, comércio e atividades operacionais.
Crescimento do empreendedorismo e dos pequenos negócios
Por outro lado, a pesquisa revelou que, em 2024, 59,4% dos trabalhadores do setor privado estavam empregados em estabelecimentos próprios, um aumento de 3,2% em relação ao ano anterior. Esse crescimento aponta para o fortalecimento do empreendedorismo como estratégia de renda, principalmente em um mercado marcado pela informalidade, com destaque para os micro e pequenos negócios nos setores de serviços e comércio.
As regiões Sul (65,0%) e Sudeste (64,0%) lideram em proporção de trabalhadores em estabelecimentos próprios, enquanto Norte (47,9%) e Nordeste (49,5%) ainda permanecem abaixo da metade, refletindo históricas desigualdades produtivas.
Empreendedorismo feminino e migração do trabalho rural
A análise por gênero revela que 72,1% das mulheres estavam em estabelecimentos próprios, contra 51,7% dos homens. Nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, a diferença é ainda mais significativa, sinalizando que o empreendedorismo feminino tem sido uma resposta frequente em mercados formais restritos.
Já o trabalho em fazendas, sítios e chácaras, que atualmente conta com 8,6% dos ocupados, vem encolhendo de forma consistente, passando de 9,5 milhões de trabalhadores rurais em 2012 para 7,2 milhões em 2024. Isso reflete uma migração estrutural do trabalho rural para o urbano, impulsionada pela mecanização e pelo aumento de ocupações ligadas aos serviços.
Crescimento do trabalho logístico e formalização
O trabalho em locais designados pelo empregador ou cliente foi destaque em 2024, com 11,8 milhões de trabalhadores atuando nessa modalidade, sendo mais expressivo no Centro-Oeste, com 16,9%. Esse indicador é relevante para atividades com deslocamento frequente, como serviços porta a porta, manutenção e logística.
Por outro lado, o trabalho em veículos automotores, como motoristas de aplicativo e entregadores, teve crescimento contínuo, alcançando 4,1 milhões de trabalhadores em 2024, um aumento de 5,4% em relação ao ano anterior e de expressivos 53,4% desde 2012. Esse avanço reflete a consolidação da gig economy no país, impulsionada pela expansão das plataformas digitais.
Formalização desigual e diferenças regionais
O grupo formado por empregadores e trabalhadores por conta própria chegou a 29,8 milhões de pessoas em 2024, com um aumento de 1,8% em relação ao ano anterior. Apenas um terço desse grupo possui CNPJ, indicando uma formalização ainda desigual no mercado de trabalho, com 80% dos empregadores e 25,7% dos trabalhadores por conta própria regularizados.
As diferenças regionais são marcantes, com o Norte e Nordeste apresentando os menores percentuais de formalização (14,8% e 19,2%, respectivamente), enquanto no Sul chega a quase metade (45,2%). Os setores de Comércio e Serviços lideram em número de trabalhadores formalizados, com a construção civil se destacando pelo maior avanço absoluto no registro formal em 2024.
Conclusão
A análise do mercado de trabalho em 2024 revela uma força de trabalho adaptativa, porém ainda marcada por desigualdades regionais, educacionais e de gênero, elementos essenciais para compreender os próximos passos da economia brasileira. A variedade de modalidades de trabalho e a diversidade de setores refletem a pluralidade e complexidade do mercado laboral do país.
Fonte original: CNN Brasil
Publicado por Redação AmdJus, com base em fontes públicas. Saiba mais sobre nossa linha editorial.
